MARGARIDA FERRA (Lisboa, 1977)
Nome comum: Jasmim-dos-Poetas
Percorria ao anoitecer os jardins da cidade à procura das floresoficiais – sobem amparadas e perfumam com a memória do chá as ruas irregulares. Levava uma tesoura de unhas,insuficiente e desnecessária porquenão colhia nada que fosse vivo.Restavam-me frases livres,páginas dobradas, cadeiras desiguaise os pratos vazios deixadosaos gatos. O primeiro poema encontrei-o numa dessas buscasdebaixo da árvore maior,no ferro que sustenta a copa,preso com uma mola da roupa.
Nombre común: Jazmín - de – los – Poetas
Al anochecer, recorría los jardines de la ciudad buscando las floresoficiales – suben amparadasy perfuman con la memoria del té las calles irregulares.Llevaba un cortaúñas, insuficiente e innecesario porque no cortaba nada que estuviese vivo. Me quedaban frases sueltas, páginas dobladas, sillas desigualesy los platos vacíos dejados a los gatos.Encontré el primer poema en una de esas búsquedas,debajo del árbol más grande,colgado de la copa,con una pinza de tender.Morada
Habitamos
uma casa quando
a sombra dos nossos gestos
fica mesmo depois
de fecharmos a porta. MoradaHabitamosuna casa cuandoqueda la sombra de nuestros gestosincluso despuésde cerrar la puerta. © Margarida Ferra De Curso intensivo de jardinagem, 2010 © Traducción: Verónica Aranda